domingo, 6 de dezembro de 2009

Pensando verde

Há quarenta anos os cientistas nos alertam para os riscos a que está sujeito o equilíbrio climático mundial devido ao modelo econômico predatório de recursos naturais das sociedades industrializadas. Por mais de uma década esses alertas resultaram em pouca ação governamental, servindo somente para fazer surgir os primeiros grupos ecologistas e a tomada de consciência da população para a finitude dos recursos naturais e a necessidade de utilizá-los eficazmente. Em 1992, no encontro da ONU para questões climáticas no Rio de Janeiro, chefes de estados de todo o mundo assinaram um acordo estabelecendo diretizes mínimas para redução da emissão dos gases responsáveis pelo efeito estufa. Os EUA, entretanto, na condição de maior estado poluidor e não-signatário desse compromisso provocou, com sua ausência, subtração de força das decisões tomadas no ECO-Rio. A regulamentação do mercado de créditos de carbono foi a solução alternativa adotada para resolver o impasse na questão climática. Por meio desse, é devolvido às potências poluidoras o poder de ditar o rítimo de desaceleração industrial por meio de vergonhosos leilões de "permissões para poluir" com países pobres e em desenvolvimento. Hoje, os alertas são que o tempo se esgota e é necessário uma drástica mudança nos hábitos de consumo das pujantes economias mundiais para nos livrar de iminentes catástrofes climáticas. Note-se, entretanto, que nem os EUA nem as principais nações européias contam em seus cargos de direção máximos com representantes de políticas ambientalistas.

Por outro lado, no Brasil, o rítimo de desmatamento da região amazônica vêm sendo reduzido ano-a-ano e o governo brasileiro prepara-se para apresentar em encontro de ministros do meio-ambiente em Copenhague uma arrojada meta, assumida voluntariamente, para redução da emissão de gases poluentes. Recentemente, em ação conjunta dos ministérios do Meio-Ambiente e Agricultura, foram estabelecidas políticas para proteção de terras e águas contra a agricultura intensiva da cana-de-açucar, o que provocou declarações hidrófobas do desequilibrado governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli. Faz-se necessário, pois, reafirmar o papel do Presidente Lula de grande fiador das políticas ambientais postas em prática em seu governo, originarias no seio do Partido dos Trabalhadores e implementadas nas gestões PeTistas de Marina Silva e Carlos Minc. A Sen. Marina, entrentanto, talvez com a honesta intenção de trazer maior visibilidade pra questão ambiental me parece cometer um grande erro em se filiando ao PV para lançar-se candidata à presidente da república. Com essa decisão, a Senadora presta ao papel de dividir os segmentos progressistas da sociedade brasileira que precisa de maioria para governar. A sua atuação por quase 6 anos à frente do ministério do Meio-Ambiente comprova que há muitos espaços para políticas ambientais no PT. É preciso ter claro, entretanto, que é o bicho-homem quem conta com a proteção privilegiada do estado brasileiro e isso se realiza somente com oferta de emprego e energia.

Há no poder municipal, entretanto, muito espaço para realização de políticas ambientais. É o município a primeira instância de poder e a mais adequada, na minha opinião, para implantação de soluções que iniciam na defesa do ser humano e se estendem para proteção de outras espécies e recursos naturais. Penso que cabe ao Ministério das Cidades o papel de promover a idéia de cidade ecológica e a criação de leis que obriguem o poder municipal a cumprir esse conceito. Parece-me disperdício de recursos, portanto, o continuar de políticas ecologistas que garantem pouco mais que o sequestro da região amazônica sob a ameaça de desmatamento. É necessário, ao contrário, exportar o modelo ecológico para que cada cidade e região brasileiros possam promover o desenvolvimento ecologicamente sustentável.

Em Manaus, especificamente, uma metrópole de quase dois milhões de habitantes às margens do maior rio do mundo, todo resíduo de esgoto é desaguado sem tratamento nos igarapés que desaguam no Rio Amazonas, tornando impróprios para banho e exploração turística todo igarapé da cidade e a praia da ponta-negra. Pode-se supor que noventa por cento da população da cidade mais ecologicamente cobiçada do mundo passa os dias no asfalto sem acesso ao lazer como aqueles dos igarapés de quarenta anos atrás.