quarta-feira, 21 de abril de 2010

O PIG fede

Como eu posso falar mal se não leio, assisto ou escuto o que ele diz? Se as notícias que tenho são por intermédio de blogs de esquerda que os critica? Nesses últimos eu ponho minha confiança - mesmo não concordando com o todo de suas teses. Fica parecendo, então, que não há equilibrio no meu processo de formação de opinião já que só escuto um lado.

Não há equilíbrio mesmo.

É a minha visão de mundo, entretanto, quem orienta minhas escolhas, e não a de cinco ou seis famiglias, detentoras quase absolutas dos meios de comunicação em massa no Brasil. Considero anti-democrático, portanto, financiar ainda mais essas potências para nos catequisar com os valores deles.

Ainda mais porque mentem.

Eu assisti o debate Lula x Collor na globo em 89 e, no dia seguinte, a edição dos 'melhores momentos' no jornal da TV. Que manipulação grosseira, que falta de vergonha na cara! Passados 20 anos eles assumem o golpe, como um bandido voltando à cidade porque o crime prescreveu.

A gente, no entanto, não esquece.

Mesmo porque é recorrente. Prá quem não lembra ou não era vivo na época, leiam o PIG saudando o golpe de estado no Brasil em 1964 e o início da idade das trevas:

“Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares que os protegeram de seus inimigos. Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras
presidenciais”
. O Globo, 2 de abril de 1964.

“Minas desta vez está conosco… Dentro de poucas horas, essas forças não serão mais do que uma parcela mínima da incontável legião de brasileiros que anseiam por demonstrar definitivamente ao caudilho que a nação jamais se vergará às suas imposições”. O Estado de S.Paulo, 1º de abril de 1964.


Se eles estão desse lado, eu, então, fico muito feliz do outro.

E não há mesmo equilíbrio em qualquer lado dessa trincheira política como o assume - agora sim, a presidente do sindicato de donos de empresas de comunicação e preposta do jornal a folha de São Paulo, Maria Judith Brito:

"A liberdade de imprensa é um bem maior que não deve ser limitado. A esse direito geral, o contraponto é sempre a questão da responsabilidade dos meios de comunicação. E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo, de fato, a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. E esse papel de oposição, de investigação, sem dúvida nenhuma incomoda sobremaneira o governo"


Fica claro agora como o governo Lula que conta com o apoio absoluto da população brasileira, que criou 9 Milhões de empregos com carteira assinada, recuperou o poder de compra do salário mínimo e inseriu, soberanamente, o Brasil como protagonista na diplomacia internacional sofre a oito anos o ataque ininterrupto do PIG.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Utilidade Pública

Pagan, da banda Born Again é um album maravilhoso e ele tá pra ser baixado livremente. Não perca tempo, então, prá curtir um acid-rock pesadão, cheio de guitarras distorcidas, como gosta todo bom rockeiro. Prá mim, invoca aquela ingenuidade norte-americana, super-abusada, mas que faz parte mesmo do inconsciente coletivo daquela nação, herdeiros peregrinos do Mayflower.

Propús-me, nesse blog, a comunicar também o belo e grandes albuns provocam emoções. Não a toa, desde os primórdios da humanidade música e religião caminham juntos. Hoje, é a corrente carismática da Igreja Católica quem utiliza, muito bem, dessa verdade fundamental.

Prá mim, é raro adorar uma música logo de cara. Aconteceu-me só duas vezes: a primeira com 'The End' do Doors e a segunda com 'Smell like teen spirit' do Nirvana. Em ambas ocasiões não conseguia prosseguir com a audição enquanto não entendia o que estava se passando e voltava, então, mil vezes, prá ouvir de novo.

A propósito de Nevermind do Nirvana, esse album compõe a lista dos 1001 discos para ouvir antes de morrer que o pessoal do No Brasil, generosamente, publica aqui para serem baixados. Já começei minha coleção e recomendo: Back to Black de Amy Winehouse, Ogum Xangô de Gilberto Gil & Jorge Ben Jor e White Light White Heat do Velvet Underground.

sábado, 3 de abril de 2010

A linhagem violenta

É comum as trilha-sonoras somarem-se ao mérito próprio dos filmes, engrandecendo-os. Frequentemente, constituem-se em ítens de consumo independentes. Em Keoma, entretanto, película e trilha-sonora estabelecem um tipo de simbiose raramente encontrado: um funciona só em presença do outro. E funcionam muito bem, tornando esse exemplar do gênero western-spaghetti um cult. Prova disso é esse post, escrito passados mais de 30 anos de lançamento do filme e vários comentários apaixonados encontrados na internet.

Composta pelos irmãos Guido e Maurizio de Angelis, a trilha-sonora de Keoma constitui-se numa suíte, uma variação em torno de um tema. Basicamente, ela substitui os diálogos e a história do filme é contada por meio de imagens e música, principalmente. Viola, órgão e gaita são orquestrados com um vocal feminino ou gutural masculino ou dueto, risíveis em outro contexto, mas que impregnam todo o filme com uma sensação de solidão e agridez do western selvagem.



De safra recente, destaco o excelente Appaloosa do diretor estreante Ed Harris. Todos elementos característicos do western estão presentes nesse filme que conta também com a atuação primorosa de todo elenco, bons diálogos e uma história senão surpreendente, ao menos muito bem urdida. Para os amantes do gênero é um filme para não perder.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Dilma - 2010

Quando criança perguntava-me como alguém poderia não tomar parte na resistência ao golpe militar de 1964. Era obrigação de todo homem adulto, pensava. Desconhecia eu, porém, a desproporção de forças com que eles se defrontavam: seus concidadãos, armados e treinados, dispondo de todo aparato bélico que lhes emprestava o dever constitucional e, também, apoio militar dos EUA. Hoje percebo, com a consciência burguesa do que se podia ganhar ou perder em um confronto dessa natureza que era justificável, infelizmente, o absenteísmo dessa tarefa hercúlea.

Isso não me impede de reconhecer, ao menos, o heroísmo daqueles que não fizeram essas contas e abraçaram a tarefa com as mesmas armas que seus adversários; adversários também da democracia brasileira que suprimiram com o tal 'golpe preventivo'.

Definitivamente, ainda não foi assimilado o ridículo de tentar justificar palavras e ações no futuro do pretérito. Só as ações importam, e as responsabilidades daqueles que as relizam.

Considero, então, felissíssima a indicação do nome de Dilma Rousseff para Presidência da República. Merece aplausos, o Presidente Lula, por mais esse movimento estratégico que reconcilia a nós, militantes PeTistas, com os ideais originais do Partido dos Trabalhadores de luta por uma sociedade democrática, progressista e com justiça social.

Estamos em boa companhia, portanto, para a batalha eleitoral que se avizinha.

É sempre bom relembrar as palavras da ex-ministra Dilma em depoimento à CPI da tapioca, quando interpelando os senadores Agripino Maia e Arthur Virgílio, acusada de mentir sob tortura nos porões da ditadura, pelo que revelam do caráter mais profundo dessa guerreira e servidora pública:

"E eu acredito, Senador, que nós estavamos em momentos diversos da nossa vida, em 70. Eu asseguro para o senhor. Eu tinha entre 19 e 21 anos e, de fato, eu combati a ditadura militar. E disso eu tenho imenso orgulho".