quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Verás? - by NPTO

Prá mim, ESSE É O POST do segundo turno. Devia ter copiado um pouco antes... No entanto, ainda faltam 10 dias pra votação e tudo que tá aí continua válido. Prá rua, então, cambada!


Tem um pessoal dizendo que até que eu era gente boa, mas agora fiquei panfletário. Vocês não viram nada, companheiros (essa foi de propósito). Desde ontem, comecei a dedicar parte de meu dia para fazer panfletagem aqui no centro da cidade do Rio.

Você, caro petista, está desanimado com a pesquisa Sensus? Está, assim, tristinho? Está, assim, solando, o nenê? É porque você está acompanhando a eleição pela TV e pelo Twitter, onde estão os 5% de rejeição do Lula. Mas porque você não está acompanhando na rua? Você é tucano?

Porra, ainda estamos na frente (perguntem a um estatístico se aquilo ali na Sensus é empate técnico), e já retomamos a iniciativa. A Dilma (que, pela Sensus, ganhou o debate confortavelmente) já fez as pazes com os religiosos, começando a desmontar o negócio que desequilibrou a eleição; mas os caras têm um exército mercenário correndo Igreja e dizendo que não. E você está esperando o que pra ir pra rua desmentir os caras? Que te paguem? Você é o que, DEMista?

Hoje inauguro a seção “diário da campanha”, contando minhas panfletagens, como fiz na época da campanha do Gabeira. Vai pra rua, rapaz, que você se anima. Ontem consegui distribuir meus panfletos em pouquíssimo tempo, a maioria das pessoas recebiam dizendo “é isso aí” (se você já fez panfletagem, sabe que isso é raro). O cara vendendo refrigerante com um isopor com adesivo da Dilma veio me dar parabéns. Claro, tem quem não goste, e imagino que você não vá distribuir panfleto na TFP.

Há 80% de brasileiros que quer a continuidade das políticas do atual governo. A gente só tem que ir pra rua fazer o anti-spam, e deixar as pessoas escolherem o que, segundo todas as pesquisas de satisfação, é o que elas tenderiam a escolher com tranquilidade e sem sacanagem de “Essa é a vagabunda do aborto?”, como me disse a única negra que não recebeu meu panfleto ontem sorrindo e dizendo que já ia votar na Dilma mesmo.

Está na hora de mostrar que isso aqui é partido de verdade, ao contrário de certos partidos da oposição que não têm partido nem no nome. É hora de mostrar como conseguimos, nesses anos todos, sobreviver como partido sem ter jornal. Lembrando que panfleto é o spam do sujeito com caráter: você vai lá e, literalmente, muitas vezes, dá a cara a tapa. Se o cara responder, melhor, conversa com ele, teste suas convicções dialogando respeitosamente.

Não deixe que a batalha te encontre no twitter. O PT só joga em casa na rua.

Enquanto isso, os trolls trollam. Nunca serão.

sábado, 2 de outubro de 2010

Declaração de Voto

Aqui em casa somos dois que votam e, com muito orgulho, vai um voto para cada um dos candidatos à Deputado Estadual José Ricardo do PT, e Marcelo Ramos do PSB.

Esses dois, atuais vereadores, muito têm honrado a população por suas atuações na Câmera Municipal de Manaus, resultando no reconhecimento de suas qualificações para exercer mandato na Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas.

Há muito refletia o quanto retardou, José Ricardo, especialmente, em pleitear indicação do partido para exercer mandato no parlamento estadual. É tradição no Amazonas o estabelecimento, por décadas, de hierarquias de poder emanados dos grandes caciques políticos. Hoje esse poder de mando é exercido por Eduardo Braga, candidato à Senador. É no campo de batalha da Assembléia legislativa que, iniciando com esses dois companheiros, haveremos de inaugurar uma nova era de participação popular no poder no Amazonas. Para isso precisamos construir uma bancada grande e comprometida com o interesse popular.

Estes dois companheiros sabem, muito bem, identificar os verdadeiros adversários políticos e também não compactuam com o mau-feito. Merecem cumprimentos, ambos, pelas duras reprimendas que sofreram de seus partidos por apoiar a reeleição de Serafim Correa do PSB, candidato à reeleição em 2008, ato que resultou, inclusive, na expulsão de Marcelo Ramos de seu ex-partido, o PC do B.

Sem qualquer entusiasmo voto Alfredo para Governador, Vanessa e Jefferson Praia para Senador e Praciano para Deputado Federal.

Porque voto Dilma

Vou seguir o bom exemplo do estadão e revelar também meu voto que vai para - surpresa -, Dilma Rousseff. Ao contrário do matutino paulista, entretanto, elenco neste post os motivos que me levam a escolhê-la entre os demais e não, os motivos porque rejeito os outros.

Em primeiro lugar, voto porque é PT. Como naquele ditado que várias cabeças pensam melhor que uma, considero que, em um coletivo, muitos erros são detectados e corrigidos nas instâncias internas antes de serem apresentados à sociedade. A Constituição também expressa que o requisito para participação em processo eletivo é filiação à partido político. Acho malandra a argumentação que marginaliza os partidos "em favor" de seus quadros. Penso, ao contrário, que por meio dos partidos a democracia é exercida duas vezes, uma nos processos de decisão internos, e outra nas urnas. Sejam os partidos democráticos, ampliam-se as oportunidades para argumentação e convencimento, e o PT é o partido mais democrático do Brasil. Prévias e eleições diretas estão regulamentados e são realizados na práxis PeTista. Possivelmente esse caráter democrático tem influência na liderança do PT, em primeiríssimo lugar, como partido preferido por trinta por cento dos brasileiros, segundo pesquisas.

Mas não só porque é PT que Dilma Rousseff tem meu voto. Voto pela continuidade. O governo Lula estabeleceu um diferencial na história do Brasil, quando comparado a qualquer outro governo que tenhamos conhecido. Em seu governo, cinqüenta milhões de brasileiros ascenderam socialmente, de maneira inédita. Não a toa, passa de oitenta por cento o contingente da população que considera ótimo ou bom o desempenho do governo PeTista e de seu mandatário. É esse o contexto que torna justo o caráter plebicitário que se formou nessas eleições, apesar do descontentamento de alguns. Os números falam por si e os gráficos publicados no blog Muito pelo Contrário sob a tag quer que eu desenhe? valem por mais de mil palavras. A resposta na economia foi dada e resta agora somente a questão ética pautando o debate político brasileiro.

Assim como Collor, o caçador de marajás, nas eleições 2010 Marina Silva foi içada ao posto de campeã da ética. Enfatizo, como óbvias, as dezenas de características que a diferenciam de Collor, a começar pela formação política e social de ambos. Marina Silva é oriunda do Partido dos Trabalhadores, da ala majoritária do PT. Destacou-se por uma militância especialmente engajada na questão ambiental, tema supra-partidário, na qual o governo Lula tem também muitos resultados positivos a comemorar. Não há, portanto, uma preocupação ambiental que não seja compartilhada por uma grande quantidade de PeTistas e militantes de outros partidos. Para infortúnio de Marina, entretanto, a via aberta pelo PIG para diferencia-la da candidatura Dilma - e o que a torna assemelhada ao Collor -, é o caráter falsamente ilibado na questão ética, abraçado tão fervorosamente pela Senadora Acreana. Como bem lhe respondeu Dilma Rousseff nos debates da Globo e SBT, canalhas há em toda parte e o combate à corrupção se faz pelo fortalecimento das instituições policiais e do Ministério Público.

Não se pode atribuir à Dilma Rousseff responsabilidade por atos de corrupção denunciados pela imprensa como cometidos por pessoas com quem ela têm ligações profissionais, ainda mais quando não declaradas procedentes pela polícia, Ministério Público e Poder Judiciário. Cada qual com a falta que lhe cabe, como bem expressa a Bíblia em Deuterônimo 24,16:

"Os pais não serão mortos pela culpa dos filhos, nem os filhos pela culpa dos pais. Cada um será executado por causa de seu próprio crime".

Vê-se, então, somente propaganda negativa e gratuita do PIG sobre tudo que envolve o PT e que nem condiz com os números captados pelas instituições que combatem a corrupção. Nesses, o PT aparece em nono lugar, muito distante dos outros grandes partidos brasileiros em casos de perda de mandato por corrupção. Jamais veremos, por óbvio, essas estatísticas nas páginas do PIG.

sábado, 25 de setembro de 2010

Eleições 2010

A possibilidade de vitória em primeiro turno de Dilma Rousseff Presidente do Brasil é um fato estatístico tornado real depois de abril deste ano. Está-se verificando uma expressiva transferência de intenção de votos para Dilma Rousseff e os candidatos da base aliada, herdeiros do enorme índice de aprovação popular ao governo Lula, em todas pesquisas eleitorais já divulgadas. Não é absurdo afirmar que o povo percebe, no bolso, a diferença desse governo quando comparado a qualquer outro, de qualquer época, nos dois quesitos que realmente importam: taxa de desemprego e poder de compra do salário mínimo.


Confiantes na vitória estamos, por outro lado, preparados para um eventual segundo turno. Venceremos! Agora ou depois.

O governo Lula lega à sua indicada - aprovada por unanimidade por TODAS correntes internas do PT -, uma situação econômica e social ímpar e uma promessa para o futuro: a aprovação do marco regulatorio para exploração do petróleo no pré-sal e a captalização bilionária de recursos financeiros para exploração dessa riqueza submarina. O lançamento de ações na bolsa de valores de São Paulo, que tornou a Petrobrás a segunda maior empresa de energia do mundo, em uma belíssima jogada do Governo Federal AUMENTOU a participação estatal nessa empresa que um dia já foi 100% nacional.

Nem o próprio Lula disputou eleição em condições tão favoráveis.

Esta eleição de 2010 tem, porém, um componente diferenciado em relação às outras, por trazer pro meio da disputa os maiores impérios de comunicação brasileiros, muitos dos quais cresceram e prosperaram sob proteção do regime militar. Por suas próprias palavras, o PIG demonstra seu DNA golpista e seu entendimento que democracia não tem relação com a aprovação da maioria e sim, com a realização única de seus interesses comerciais.

Caem as máscaras e nos vemos olhando diretamente pra cara dessa máquina de desestabilizar governos e destruir reputações. Ótimo!

Nas últimas duas semanas, a sociedade brasileira têm assistido um bombardeio de acusações à campanha Dilma Rousseff de participação em crimes eleitorais, fiscais e de corrupção. Até ex-presidiários, pleiteantes à recursos públicos negados pelo BNDES, são içados a categoria de fontes de confiança para o PIG reverberar denúncias, sem provas, em primeira página. Diante das autoridades policiais, porém, os acusadores negam o depoimento anterior, tornando o dito como não-dito, exceto pro PIG que opta por não tomar conhecimento dos desmentidos e toca em frente sua farsa.

sábado, 22 de maio de 2010

Em Manaus, o bonde passou

Uma única avenida em Manaus, a Torquato Tapojós, liga o bairro Cidade Nova, com 800 mil habitantes, ao centro. O mesmo problema ocorre para qualquer outra direção de deslocamento: insuficiente quantidade de vias para o trânsito dos habitantes dessa metrópole de um milhão e oitocentas mil pessoas. Afora o centro, não se encontram também em Manaus quarteirões efetivamente quadrados. São, em sua maioria, curvos e têm dimensões bastante variáveis o que indica completa e histórica ausência de planejamento urbano nessa cidade. Para qualquer um em deslocamento, é evidente ser o trânsito dos maiores problemas sob responsabilidade do poder público municipal.

Causa perplexidade também que, às margens do maior rio do mundo, significativa parcela da população urbana sofra com a precariedade ou inexistência do serviço de abastecimento de água.

Foram essas duas demandas, principalmente, que o ex-prefeito Serafim Correa, do PSB, buscou endereçar em seu mandato encerrado em dezembro de 2008. No seu governo, com recursos do PAC, a rede de adutoras foi finalmente estendida para os populosos bairros da zona leste. Havia esperanças que agua encanada seria, enfim, uma realidade em toda Manaus. Foi esse, aliás, o compromisso assumido por Serafim, solitariamente, em debate político na TV entre os postulantes ao cargo de prefeito nas eleições de 2008. Hoje, o vereador Marcelo Ramos denuncía a interrupção desse projeto e a renúncia em sacar os recursos destinados a esse fim.

As realizações do governo Serafim perpassaram o projeto fundamental de universalização do abastecimento de água e abrangeram também a criação de parques públicos, aterro sanitário e obra viária de grande porte que o atual prefeito Amazonino Mendes deu prosseguimento, inaugurando os viadutos do Coroado e a passagem de nível da rua Paraíba. Depõe em favor de Amazonino a continuidade das obras viárias citadas, pois a administração pública deve oferecer solução de continuidade entre gestões, mesmo que de adversários políticos. Suspeita-se, porém, que o atual mandatário irá acomodar-se frente a essa demanda e ao final do seu mandato apresentará como suas apenas essas duas realizações, cujo maior mérito são devidas ao ex-prefeito Serafim Correa que já havia realizado os contratos, projetos e iniciado a execução dos mesmos.

No início de 2008, havia a expectativa que todos setores progressistas da política amazonense uniriam-se para apoiar a continuidade daquele projeto político contra a ineficiência histórica das administrações Amazonino Mendes, cuja responsabilidade com a falta de planejamento urbano em Manaus é inquestionável uma vez que, desde 1983, esse político exerce os principais cargos públicos no estado do Amazonas. Erraram, vergonhosamente, o PT e o PC do B em negando apoio àquela oportunidade e, efetivamente, foram esses partidos que colocaram de volta a gravata no velho coronel.

O resultado é que o povo sofre hoje com o abandono da presente administração e contribuímos para transformar um aliado político e administrador competente num líder rancoroso, capaz até de repercutir em seu blog pessoal os impropérios terroristas de Danuza Leão contra a ex-ministra Dilma Rousseff.

Um grande partido se faz com enfrentamentos, mesmo entre suas fileiras e até contra a recomendação da direção partidária como o fez, recentemente, o PT maranhense que, na contramão da orientação nacional negou apoio ao pleito da oligarquia Sarney em favor do comunista Flavio Dino.

É dever da direção nacional pedir pela renúncia nos estados em favor de composição que lhe dê fôlego para governar sem sobressaltos. É dever da organização partidária local, entretanto, lutar contra tais composições quando essas ferem o princípio basilar com o que são constituídos os partidos ou, no mínimo, vender caro sua adesão.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O PIG fede

Como eu posso falar mal se não leio, assisto ou escuto o que ele diz? Se as notícias que tenho são por intermédio de blogs de esquerda que os critica? Nesses últimos eu ponho minha confiança - mesmo não concordando com o todo de suas teses. Fica parecendo, então, que não há equilibrio no meu processo de formação de opinião já que só escuto um lado.

Não há equilíbrio mesmo.

É a minha visão de mundo, entretanto, quem orienta minhas escolhas, e não a de cinco ou seis famiglias, detentoras quase absolutas dos meios de comunicação em massa no Brasil. Considero anti-democrático, portanto, financiar ainda mais essas potências para nos catequisar com os valores deles.

Ainda mais porque mentem.

Eu assisti o debate Lula x Collor na globo em 89 e, no dia seguinte, a edição dos 'melhores momentos' no jornal da TV. Que manipulação grosseira, que falta de vergonha na cara! Passados 20 anos eles assumem o golpe, como um bandido voltando à cidade porque o crime prescreveu.

A gente, no entanto, não esquece.

Mesmo porque é recorrente. Prá quem não lembra ou não era vivo na época, leiam o PIG saudando o golpe de estado no Brasil em 1964 e o início da idade das trevas:

“Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares que os protegeram de seus inimigos. Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras
presidenciais”
. O Globo, 2 de abril de 1964.

“Minas desta vez está conosco… Dentro de poucas horas, essas forças não serão mais do que uma parcela mínima da incontável legião de brasileiros que anseiam por demonstrar definitivamente ao caudilho que a nação jamais se vergará às suas imposições”. O Estado de S.Paulo, 1º de abril de 1964.


Se eles estão desse lado, eu, então, fico muito feliz do outro.

E não há mesmo equilíbrio em qualquer lado dessa trincheira política como o assume - agora sim, a presidente do sindicato de donos de empresas de comunicação e preposta do jornal a folha de São Paulo, Maria Judith Brito:

"A liberdade de imprensa é um bem maior que não deve ser limitado. A esse direito geral, o contraponto é sempre a questão da responsabilidade dos meios de comunicação. E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo, de fato, a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. E esse papel de oposição, de investigação, sem dúvida nenhuma incomoda sobremaneira o governo"


Fica claro agora como o governo Lula que conta com o apoio absoluto da população brasileira, que criou 9 Milhões de empregos com carteira assinada, recuperou o poder de compra do salário mínimo e inseriu, soberanamente, o Brasil como protagonista na diplomacia internacional sofre a oito anos o ataque ininterrupto do PIG.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Utilidade Pública

Pagan, da banda Born Again é um album maravilhoso e ele tá pra ser baixado livremente. Não perca tempo, então, prá curtir um acid-rock pesadão, cheio de guitarras distorcidas, como gosta todo bom rockeiro. Prá mim, invoca aquela ingenuidade norte-americana, super-abusada, mas que faz parte mesmo do inconsciente coletivo daquela nação, herdeiros peregrinos do Mayflower.

Propús-me, nesse blog, a comunicar também o belo e grandes albuns provocam emoções. Não a toa, desde os primórdios da humanidade música e religião caminham juntos. Hoje, é a corrente carismática da Igreja Católica quem utiliza, muito bem, dessa verdade fundamental.

Prá mim, é raro adorar uma música logo de cara. Aconteceu-me só duas vezes: a primeira com 'The End' do Doors e a segunda com 'Smell like teen spirit' do Nirvana. Em ambas ocasiões não conseguia prosseguir com a audição enquanto não entendia o que estava se passando e voltava, então, mil vezes, prá ouvir de novo.

A propósito de Nevermind do Nirvana, esse album compõe a lista dos 1001 discos para ouvir antes de morrer que o pessoal do No Brasil, generosamente, publica aqui para serem baixados. Já começei minha coleção e recomendo: Back to Black de Amy Winehouse, Ogum Xangô de Gilberto Gil & Jorge Ben Jor e White Light White Heat do Velvet Underground.

sábado, 3 de abril de 2010

A linhagem violenta

É comum as trilha-sonoras somarem-se ao mérito próprio dos filmes, engrandecendo-os. Frequentemente, constituem-se em ítens de consumo independentes. Em Keoma, entretanto, película e trilha-sonora estabelecem um tipo de simbiose raramente encontrado: um funciona só em presença do outro. E funcionam muito bem, tornando esse exemplar do gênero western-spaghetti um cult. Prova disso é esse post, escrito passados mais de 30 anos de lançamento do filme e vários comentários apaixonados encontrados na internet.

Composta pelos irmãos Guido e Maurizio de Angelis, a trilha-sonora de Keoma constitui-se numa suíte, uma variação em torno de um tema. Basicamente, ela substitui os diálogos e a história do filme é contada por meio de imagens e música, principalmente. Viola, órgão e gaita são orquestrados com um vocal feminino ou gutural masculino ou dueto, risíveis em outro contexto, mas que impregnam todo o filme com uma sensação de solidão e agridez do western selvagem.



De safra recente, destaco o excelente Appaloosa do diretor estreante Ed Harris. Todos elementos característicos do western estão presentes nesse filme que conta também com a atuação primorosa de todo elenco, bons diálogos e uma história senão surpreendente, ao menos muito bem urdida. Para os amantes do gênero é um filme para não perder.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Dilma - 2010

Quando criança perguntava-me como alguém poderia não tomar parte na resistência ao golpe militar de 1964. Era obrigação de todo homem adulto, pensava. Desconhecia eu, porém, a desproporção de forças com que eles se defrontavam: seus concidadãos, armados e treinados, dispondo de todo aparato bélico que lhes emprestava o dever constitucional e, também, apoio militar dos EUA. Hoje percebo, com a consciência burguesa do que se podia ganhar ou perder em um confronto dessa natureza que era justificável, infelizmente, o absenteísmo dessa tarefa hercúlea.

Isso não me impede de reconhecer, ao menos, o heroísmo daqueles que não fizeram essas contas e abraçaram a tarefa com as mesmas armas que seus adversários; adversários também da democracia brasileira que suprimiram com o tal 'golpe preventivo'.

Definitivamente, ainda não foi assimilado o ridículo de tentar justificar palavras e ações no futuro do pretérito. Só as ações importam, e as responsabilidades daqueles que as relizam.

Considero, então, felissíssima a indicação do nome de Dilma Rousseff para Presidência da República. Merece aplausos, o Presidente Lula, por mais esse movimento estratégico que reconcilia a nós, militantes PeTistas, com os ideais originais do Partido dos Trabalhadores de luta por uma sociedade democrática, progressista e com justiça social.

Estamos em boa companhia, portanto, para a batalha eleitoral que se avizinha.

É sempre bom relembrar as palavras da ex-ministra Dilma em depoimento à CPI da tapioca, quando interpelando os senadores Agripino Maia e Arthur Virgílio, acusada de mentir sob tortura nos porões da ditadura, pelo que revelam do caráter mais profundo dessa guerreira e servidora pública:

"E eu acredito, Senador, que nós estavamos em momentos diversos da nossa vida, em 70. Eu asseguro para o senhor. Eu tinha entre 19 e 21 anos e, de fato, eu combati a ditadura militar. E disso eu tenho imenso orgulho".